A Rede Social Stoa será descontinuada

O projeto Stoa era uma tentativa de usar tecnologias de redes sociais para fins educacionais. Na proposta, escrevi:

Aprendizagem é um processo social, além de cognitivo. A convivência com os colegas e a inserção do aluno numa comunidade educativa é um aspecto importantíssimo na formação dele. […] A infraestrutura tecnológica da USP também deve promover a formação de uma comunidade de alunos e educadores.

Com apoio do STI iniciamos o serviço stoa.usp.br em 2007. Logo ficou claro o descompasso entre as estruturas hierárquicas da universidade e a horizontalidade das redes sociais. Em 2009 a Reitoria mandou tirar conteúdo satírico de um colaborador do projeto. Consegui mais recursos em 2012 para modernizar o software, em colaboração com o IME, mas em 2015 ficou claro que o sistema não conseguiu adesão suficiente para atrair mais recursos ou ser institucionalizado.

Entre as razões por essa falta de adesão, no meu diagnóstico, é que o serviço não conseguiu mostrar seu valor para os docentes da USP e ainda menos para seus dirigentes, uma condição essencial para a institucionalização.

Em retrospecto, eu devia ter encerrado o serviço em 2015, de forma organizada. Um serviço da Web sem manutenção não é seguro. Sem saber como arquivar as contribuições de forma segura, deixei o serviço a sua própria sorte, o que foi um erro. Pior, fiz um esforço razoavelmente grande para manter o sistema legado no ar.

A situação ficou insuportável a partir de duas semana atrás. Devido a seguidos ataques ao sistema, entre deles ataques feitos por um grupo da própria USP (feito sem aviso prévio e que novamente derrubou o sistema), estamos diante da escolha: consertar o software, ou desligar o sistema. Dado que não tenho apoio ou recursos para consertar o sistema, vou ser forçado a desligar o sistema no fim do mês de setembro de 2020.

Como montar cursos online 1: a infraestrutura de apoio

Membros da comunidade USP podem montar seus cursos online (ou ambientes de apoio) nas plataformas que o grupo ATP ajuda administrar. Os sistemas principais são o Moodle da USP / e-Disciplinas e o Moodle de Extensão. Mas o que fazer se não tiver acesso a esta infraestrutura?

Tenho recebido frequentemente consultas de pessoas que estão querendo começar com algum tipo de ensino online. O conselho genérico que tenho dado é:

  • Pensar em termos de três tipos de atores e quatro fases.
    • Três tipos de ator vão desempenhar o papel de:
      1. administrador técnico do sistema,
      2. design instrucional e
      3. educador e especialista disciplinar.
    • É útil conceitualizar a implementação de um projeto de ensino online em 4 fases bastante sequenciais:
      1. planejamento do projeto,
      2. instalação do ambiente virtual de aprendizagem (AVA),
      3. configuração das atividades pedagógicas e colocar o material didático no AVA e
      4. ministrar o curso e manter o sistema durante o oferecimento.
  • Decidir o seu nível de autonomia ou o controle sobre o sistema que precisa exercer.
  • Planejamento e cronograma.

Vamos explicitar melhor como um projeto de ensino online funcionaria.

Atores e Papeis

Em cada fase é preciso dispor de recursos humanos que vão desempenhar três tipos de papel:

Papel 1: Técnico
Pessoas como administradores de sistema ou webdesigners. Cuidam da instalação e manutenção do AVA e os sistemas técnicos que o suportam como os servidores que hospedam o AVA, os sistemas de backup. Cuidam também da customização da aparência visual do AVA, da gestão de usuários e resolvem problemas das pessoas do papel Gestão de conteúdo.
Papel 2: Gestão de conteúdo
Pessoas que vão colocar conteúdo no AVA e estruturar o ambiente. Design Instrucional. São pessoas que de forma geral preparam o AVA para receber os alunos. Em particular, transformam material em formatos tradicionais como Microsoft Word, PowerPoints, videos, imagens, etc. etc. para formatos adequados para a Web e plataformas móveis, criam atividades para os alunos usando as ferramentas disponíveis no AVA e interagem com as pessoas da Gestão pedagógico.
Papel 3: Gestão pedagógico
Pessoas responsáveis pelo material didático e definir os processos pedagógicos. Acompanhem os alunos no AVA, corrigem tarefas, dão feedback, etc.

Fases

Na Fase 1 (planejamento): pessoas em papeis 1, 2 e 3 sentam juntos para casar metas e limitações. Podem fazer um esboço / boneco do sistema. Decidem onde e como hospedar o AVA (veja abaixo).

Durante a Fase 2 (instalação) pessoas em papeis 1 e 2 instalam o AVA (se for preciso) e implementam customizações.

Fase 3: Especialistas em Design Instrucional e Webdesign adequem material, colocam no AVA, configurem as atividades (definindo prazos, comportamento das ferramentas). Tudo é acompanhado e homologado pelos educadores do papel 3.

Fase 4: Andamento do curso. As pessoas do papel 2 fazem ajustes finas e os educadores do papel 3 agora são os principais responsáveis. Treinamento dos equipe de tutores. O apoio técnico do papel 1 talvez ajuda com cadastro das senhas, etc. e cuida dos backups, performance e estabilidade do site.

Resumindo:

TODO XXX

Hospedagem do AVA

Até poucos anos atrás somente tinha duas opções: auto-hospedagem nos servidores da própria instituição, ou pagar terceiros para hospedar o AVA nos servidores deles (veja aqui para uma comparação das vantagens e desvantagens). Com a virtualização (“cloud computing”) da infraestrutura hoje há muito mais possibilidades neste espectro. É possível, para dar somente um exemplo de muitas possibilidades, contratar uma empresa para ajudar instalar e configurar o AVA em infraestrutura que a própria instituição contrata de um outro provedor de servidores.

A decisão deve levar em conta a disponibilidade de competências técnicas dentro da instituição, o nível de autonomia que a instituição quer manter sobre o AVA e os dados gerados pelas interações mediadas pela AVA , se é possível migrar o AVA (o seu histórico) de um provedor para outro, dentro de muitas outras considerações.

Indicações

Com a ressalva que não tenho uma visão ampla ou representativa do mercado EaD, ao contrário, uma visão bastante restrito (o meu AVA é Moodle, mas existem outras possibilidades, o meu horizonte é a USP e não muito além…), posso dar algumas indicações de empresinhas e empresas aparentemente competentes e de confiança. É onde começaria pedindo informações:

  1.  Codely: serviços e hospedagem Moodle
  2. Gisele Brugger
  3. Moodle partners no Brasil, em particular o Adapta
  4. Talvez no grupo Moodle Brasil no Telegram podem indicar alguém (seja bem específico na sua demanda)

Acordo de compartilhamento de dados

Gestores de ambientes virtuais de aprendizagem ou de outros sistemas educacionais que mediam interações entre pessoas tem em suas mãos um base de dados extremamente interessante para fins de pesquisa. Mas, por motivos de proteção aos dados privados não podem compartilhar estes dados publicamente.

Uma abordagem é tentar de-identificar os dados, mas isto é difícil de fazer corretamente (não é suficiente tirar nome e outros identificadores óbvios, se é trivial re-identificar uma pessoa cruzando informação com por exemplo dados de matrículas).

Até conseguir recursos suficientes para liberar os dados publicamente de forma responsável (aguardo a publicação deste livro, que promete ser bem interessante) resta então liberar os dados com pesquisadores de confiança e trabalhar com um acordo de compartilhamento.

Fiz uma tentativa de um modelo para um acordo de compartilhmento. Solicito comentários (que podem ser feito no próprio documento ou neste post)

Referências

http://ptac.ed.gov/sites/default/files/data-sharing-agreement-checklist.pdf (EUA)

http://ico.org.uk/for_organisations/data_protection/topic_guides/data_sharing (Reino Unido)

 

XX Simpósio Nacional de Ensino de Física

Entre os dias 21 e 25 de janeiro de 2013, o Grupo ATP participou do XX Simpósio Nacional de Ensino de Física (XX SNEF). Decorridos mais de 40 anos desde o I SNEF, foi com prazer que o Instituto de Física da USP recebeu o evento intitulado “O ensino de Física nos últimos 40 anos: balanço, desafios e perspectivas”.

A participação do Grupo ATP neste evento histórico envolveu o desenvolvimento da Oficina – Moodle: Ferramentas avançadas de ensino-aprendizagem – e da comunicação Oral sobre o artigo – Análise do Funcionamento das Questões da Prova de Ciências da Natureza do Enem 2009 e 2010.

Moodle: Ferramentas avançadas de ensino-aprendizagem

A oficina ocorreu nos dias 22 e 24 de janeiro, teve duração de  horas e contou com a participação de 19 pessoas. Dentre elas professores, técnicos de informática e alunos de graduação de diferentes estados brasileiros.

Foi idealiza e desenvolvida com objetivo de possibilitar que seus participantes conheçam e investiguem os sistemas de avaliação da plataforma Moodle e de contribuir para que possam aprimorar o processo de aprendizagem por meio de um ambiente virtual desenvolvendo avaliações formativas que extrapolam a mera aplicação de testes automatizados. Para isso, as funcionalidades das ferramentas disponíveis foram exploradas a partir da tipologia de avaliação, considerando aspectos pedagógicos e tecnológicos.

Reunimos no Ambiente Virtual Moodle http://dev.atp.usp.br/stoa2/course/view.php?id=302 (acesse para conhecer!) o resultado deste estudo, assim como exemplos reais de atividades idealizadas e configuradas com diferentes objetivos. Desta forma, foi possível potencializar as situações de discussão e construção individual e coletiva de conhecimentos sobre este ambiente. Os participantes conheceram e vivenciaram, como alunos, questionários com diferentes tipos de perguntas e comportamentos de questão; aprenderam a implementar ‘questionários’ formativos e avaliativos; r, conheceram métodos de avaliação avançadas (rubricas, guia de avaliação etc.).

Clique aqui, para acessar como visitante e conhecer o AVA da Oficina Moodle.

Clique aqui, para efetuar o download .mbz deste ambiente e investigar em seu Moodle as configurações e potencialidades de atividades que incorporam uma série de recursos e ferramentas que vão ampliando e melhorando significativamente as possibilidades, a integração multimídia e a flexibilidade temporal do processo de ensino-aprendizagem.

Análise do Funcionamento das Questões da Prova de Ciências da Natureza do Enem 2009 e 2010

A comunicação oral ocorreu no dia 23 de Janeiro numa sessão coordenada pelo Prof. Jonny Nelson Teixeira. Envolveu a apresentação da investigação com métodos quantitativos sobre o funcionamento das questões da prova de Ciências da Natureza do Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM, de 2009 e 2010, a partir dos micro-dados disponibilizados pelo INEP. Usamos vários indicadores e visualizações gráficas para buscar indícios de um eventual mau funcionamento de questões. Usamos estatísticas descritivas da teoria clássica de testes (índice de dificuldade, o índice de discriminação e a correlação ponto bisserial), as curvas características empíricas de item (a probabilidade de acerto do item em função do número total de acertos) e ajustes ao modelo de dois parâmetros da teoria da resposta ao item (TRI). Estes indicadores e as visualizações gráficas das curvas características apontam para várias questões com indícios de mau funcionamento. Encontramos questões nas quais a probabilidade de acerto independe do nível de proficiência. Para algumas questões a probabilidade de acerto é até maior para indivíduos de menor proficiência, o contrário do esperado para uma boa questão. As questões assim identificadas devem ser agora submetidas a outras metodologias de investigação para entender a razão do seu mau funcionamento.

Clique aqui, para efetuar download do artigo completo.

Clique aqui, para efetuar download da apresentação da comunicação oral.